quinta-feira, 20 de março de 2014

Meus alguens

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Quando era mais nova as coisas eram mais fáceis, bastava um olhar atravessado dos meus pais e eu sabia onde tinha cometido o erro, eles sempre me davam a oportunidade de recomeçar e, quando acertava, eu podia ir brincar do lado de fora. Mas então eu cresci, e a garotinha preciosa virou uma mulher, que não consegue segurar um olhar durante cinco segundos sem se sentir insegura, e fica olhando por sobre o ombro á cada novo passo, e passa mais tempo tentando montar os momentos que não duraram para sempre, do que realmente vivendo-os.
 
 E agora, estou sentada aqui,em um canto longe de todos, tentando montar o quebra-cabeça o qual tornou minha vida. Tentando lembrar de todos os "alguéns", de seus nomes, rostos, o que fez, o que não fez, tentando entender como amá-los. Tentando juntar meus pedaços. 

Talvez ver o mundo tenha afetado todas minhas decisões, sempre fui a única a falar, a única á ouvir, e agora, seja a única sentada aqui, procurando entre alguém, um jeito de recomeçar. Nunca me dei muito crédito, ou confiança no que diziam sobre mim, então, sinto que, quando envelhecer, olharei mais por sobre meu ombro, afastarei mais pessoas, amarei cada vez menos, terei menos momentos para juntar em cantos solitários. E os alguéns, sejam tão distantes e frios quanto um desconhecido que topei na rua.

Um suspiro longo e profundo escapou da minha garganta agora, essa perspectiva não é lá muito otimista. Mas falta um minuto pra parte mais escura da noite, e geralmente meus pensamentos são mais soltos e frios na madrugada. Mas talvez eu seja uma dessas garotas longe do comum, talvez ainda exista mais alguém lá fora, pronto pra entrar na minha vida, talvez esse alguém venha acompanhado de outros alguéns. Alguém pra dar sentido nesse texto tão confuso. Alguém pra ligar na madrugada e afastar os pensamentos soltos e frios. Eles não me fazem bem, sabe.

Talvez eu seja de fato especial, talvez eu seja mesmo linda, talvez eu mereça o melhor, talvez... eu devesse ligar para o Alguem, e torná-lo algo mais que um rosto inexpressivo de uma foto vazia.

Talvez, eu comece a olhar menos para trás, ou procurar visões no futuro, talvez, devesse só, viver, o aqui e o agora. Acho que agora meu texto teve sentido.

E bem, já estamos no fim da madrugada.

 
 




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